terça-feira, 30 de julho de 2013

Poeta do amor, da arte e da vida

Bacharel em Direito, jornalista, cronista, dramaturgo, roteirista, romancista, contista e acima de tudo, poeta. Carlos Correia Santos é o retrato vivo de como a arte, a poesia, o amor e a leitura podem transformar toda uma vida.
Foto: Brends Nunes


O contato com essa mulher foi muito inspirador. Sabe aquela avó que senta na cadeira de balanço e passa horas contando histórias, ai chega uma hora em que tu não sabes se foi daquele jeito mesmo ou se ela está inventando?”. 

Logo no começo da entrevista, ao falar sobre seu romance “Senhora de Todos os Passos”, lançado em 2012, e inspirado na vida da avó, Carlos revelou que a obra mistura elementos fantásticos e reais, bem como fazia sua avó. Ao ler a obra, percebe-se de forma muito vívida aquele aspecto de contar um conto aumentando um ponto. Mas além de misturar realidade e fantasia o romance retrata dores e alegrias reais, vividas pela família do autor. Além disso, graças a tantas histórias fantásticas, Carlos prometera a ela que um dia transformaria seus passos em romance, e assim o fez. A obra foi uma das vencedoras do prêmio Haroldo Maranhão, do Instituto de Artes do Pará, realizado em 2011.

Inspiração
A família é a base da vida e obra de Carlos. Ele conta que por volta dos quatro anos teve um de seus primeiros contatos com a arte e a literatura por meio de um presente que sua mãe lhe dera, tratava-se da coleção completa de Monteiro Lobato. Ao tê-la em mãos ele interessou-se pelas ilustrações e pela sensação mágica de se imaginar nos ambientes retratados em cada página dos livros em questão. Desde então ele começou a interessar-se pelo mundo que mais tarde permearia toda a sua vida. Carlos é autor de obras poéticas como O Baile dos Versos e Poeticário, obras teatrais como Ópera Profano e Batista, além de romances como o já citado Senhora de Todos os Passos e Velas na Tapeira, que foi vencedor do prêmio Dalcídio Jurandir, em 2008.

Uma de suas obra teatrais de maior destaque, Ópera Profano, aborda aspectos polêmicos de forma tocante e sensivelmente humana. A trama conta conta a história do travesti Tota (Dário Jaime), que às vésperas do Círio de Nazaré, rouba a imagem da Santa e se refugia em um cinema pornô. O motivo do roubo é que o travesti Baby (Léo Meneses), que agoniza doente, vítima do vírus HIV, tem com último pedido ver a imagem de Nossa Senhora.


Baby (interpretado por Léo Meneses) Foto: Pedro Ferreira

A presença da imagem vai desencadeando os dramas pessoais dos frequentadores do local. Ao coro dos excluídos se juntam Mira (Fábio Tavares), a travesti decadente; Lucas (Rafael Feitosa), o garoto de programa; Ângelo (Tiago de Pinho), o jovem de classe média visitante às escondidas do cinema. O ápice é a aparição de Nossa Senhora (Cacau Novais).
A trama chama a atenção não apenas pela forma como Carlos dosou fé, sexualidade, pornografia, homossexualismo e religião. Mas sim pelo fato de que fé é algo que independe da orientação sexual ou de qualquer outro credo.

Sobre a importância da arte na sua vida e na vida de outras pessoas, ele afirma que “A arte não é o exercício da vaidade e do talento, a arte tem que ser comunicação. A arte tem que provocar reação para o bem ou para o mal porque isso fará as pessoas refletirem, tomarem consciência, formarem juizo crítico porque é isso que falta pra gente. A arte muda o mundo, melhora as pessoas e a vida porque ela faz te faz entender melhor o mundo e a ti mesmo (a).

Prêmios
Na dramaturgia e no teatro, Carlos percorre um caminho longo e premiado, diga-se de passagem. Dentre os prêmios estão:
- III Concurso Literatura para Todos, promovido pelo MEC;
- Edital Estadual de Fomento às Artes Cênicas 2008, da Secretaria de Cultura do Estado do Pará (Prêmio Cláudio Barradas);
- Prêmio IAP Categoria Dramaturgia (2008);
- Prêmio IAP Categoria Teatro (2004);
- Prêmio Funarte de Dramaturgia (2003, 2004 e 2005);
- Prêmio Funarte Petrobras de Fomento ao Teatro (2005);
- Prêmio Funarte Petrobras de Circulação Nacional (2006);
- Edital Seleção Brasil em Cena do Centro Cultural Banco do Brasil. 

Música
Já no cenário musical, Carlos forma juntamente com Junior Cabrali e Alberson Alves o trio Versivox. O grupo foi feito para celebrar a poesia, o verso, a voz e o som mostrando que poemas também podem ser tocados, cantados e vividos. O Versivox também tem o compromisso social de levar leitura aos ribeirinhos da região Amazônica por meio de doações de livros já lidos que podem ser feitas em todas as apresentações do grupo que faz parte do projeto Sou Rio de Letras.

Grupo Versivox Foto: Brends Nunes

Atualmente, o Versivox e seu repertório Versus Volts, que mistura o som das guitarras a poesia foi selecionado para participar do Tokyo Spring, que acontecerá no Japão, em Agosto. E se você quiser saber mais sobre a carreira e as obras de Carlos Correia Santos, visite sua fanpage no Facebook, lá você terá acesso as divulgações da agenda do autor e de seus projetos. 


Luana Coelho