quarta-feira, 17 de julho de 2013

Eu vou samplear, não te roubar...talvez só um pouquinho.

Quem nunca ouviu uma música e teve aquela sensação de déjà-vu? Muito provavelmente você está diante de um sample, e tudo bem, acontece com as melhores bandas e cantores. Sample nada mais é do que recortar o trecho de uma música, seja um riff de guitarra, uma bateria marcante, um vocal, uma sequência de notas ou até mesmo um refrão ou melodia inteira, e reutilizar em uma nova produção, não necessariamente seguindo o mesmo gênero musical.

Quando eu digo que acontece nas melhores bandas e cantores, eu não estava brincando. Um ótimo exemplo disso é a música Run the World da Beyoncé, que dispensa apresentações, mas se você não lembra qual é essa, basta dar uma escutada na origem do sample:


O instrumental da música é completamente tirado da canção Pon de Floor, single do álbum debut do Major Lazer, um projeto dos DJ's Diplo e Switch. Os DJ's se conheceram quando trabalharam no primeiro CD da cantora britânica M.I.A., e é justamente neste cd que acende o alerta SAMPLE novamente. Agora que vocês já sabem como funciona, primeiro ouçam a música Buck Done Gun da M.I.A. e tentem descobrir o sample, esse ta fácil:


Descobriu? Não? Tá, eu te conto de qualquer jeito. Dessa vez a fonte está mais perto do que a gente imagina: nos morros do Rio de Janeiro. Exatamente, isso é funk, mas funk puro mesmo, estamos falando de Deise Tigrona:


E foi assim que a M.I.A ficou famosa no mundo inteiro. Mas ela não foi a única a ficar famosa as custas do brasileirismo musical: 


O que aconteceu aqui na verdade foi um plágio feito pelo cantor indie belgo-australiano Gotye, que foi condenado a pagar 1 milhão de dinheirinhos americanos (que em reais deve ser aproximadamente R$ 2 milhões) para a família do compositor Luiz Bonfá, um dos grandes nomes da bossa nova. O que o Gotye fez foi tirar o saxofone da música do Bonfá e cantar em cima, como se percebe no vídeo acima.


Enquanto isso, aqui em Belém, samplear não é só uma tendência, já virou cultura. É fato, assim que uma música faz sucesso, não demora muito para surgir uma versão belenense, como diz Yuri Coelho, estudante de jornalismo da UFPA e expert em samples, "A maior parte  das músicas locais produzidas por cantores de brega e tecnomelody usam samples de músicas estrangeiras, tudo bem que sempre esbarramos na questão se são samples mesmo ou se são plágios descarados, mas gostando ou não o fato é que a cidade de Belém ficou conhecida mundialmente por criar um ritmo local com elementos de outras culturas.".


E a original é da cantora romena Inna: 



O legal do sample é esse exercício musical que a gente acaba fazendo. Quanto mais músicas você conhece, mais vai ser capaz de perceber de onde elas vêm e o que influenciaram. E se um artista é sampleado é porque algo de bom ele fez, então pode ser uma maneria interessante de descobrir artistas bacanas.
Isabella Moraes

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